Por: Jorge Galvão
O conceito de classe social tem sido empregado em diferentes sentidos. Alguns especialistas usam para designar qualquer tipo de extrato social. Neste sentido e associando ao pensamento e teoria do marxismo, as classes sociais são grupos gerados pelo homem inseridos de agentes sociais. Que também só aparecem onde o capitalismo avançou suficientemente para associar a estrutura dinamicamente, o modo de produção capitalista no mercado quase mundial, como agentes de classificação social, até mesmo com ordem legal.
As classes sociais se definem, principalmente no nível econômico, mas não unicamente neste nível. Em cada modo de produção se definem classes sociais diferentes e com corpo estrutural diferenciado. Vejamos que definições de classe social é um processo histórico dentro do sistema de governo capitalista. O capitalismo só tem força se existir a dinâmica de distribuição de rendas entre as camadas sociais. As categorias de classes sociais sempre vão fazer bem ao capitalismo que usa o bem produtivo para diferenciá-las. Portanto, cada setor social tem o poder de criar a sua própria sobrevivência.
O relato sobre classe social é bem oportuno estudar, investigar, pesquisar, como também transformá-la em fonte de informação.
O poeta baiano Ataliba Campos, com sua ideologia socialista, foi um baluarte nos levantes que culminaram com o golpe de 1964, ele com comunista e convicto homem social sempre estava na frente de batalha em defesa dos proletariados, contra as injustiças sociais e como não poderia deixar de ser, ferrenho adversário do regime militar.
Aproveito esta antologia para homenagear este artista plástico, poeta focado só em estrofes sociais, o poeta que quando era um ébrio, pediu a sua amada, que era bem mais nova que ele, para que fosse embora, para que o deixasse sozinho e com sua sensível alma poética falava: “Vai embora minha filha. Você é uma linda menina, como você pode suportar um bêbado, um irresponsável que não sabe dar carinho, um homem socialmente pobre, que não tem nada para te oferecer, vai embora, vai à busca de uma vida melhor” mesmo com todo o apelo a frágil menina, não foi sua, embora virou sua esposa, não demorou muito tempo e ela o deixou, saindo materialmente da alma do poeta, morreu no parto e ele fez o poema:
Tchau Maria
Em nome de Deus, poeta.
Não te desesperes com o excesso
De injustiças ou de impunidades.
Não desesperes com o excesso
De injustiça ou de imunidade
Não desesperes
Com o abuso do poder
Desta ou daquela autoridade.
Que importa a Magnólia?
Ela não te abrirá a porta da história.
Não te elevará a nenhuma glória.
Esqueça-a e venha.
A noite é para o amor
Esqueça inclusive meu corpo suado.
Cansado, menstruado,
Derrama em minha sangria
Teu esperma que cria.
Esquece a meretriz que sou.
Porque sou
De uma sociedade prostituta.
Esquece o poeta que és
Porque ser poeta é não ser nada
A minha criança chora
Não te importes
É frio. É fome.
Estás só, poeta
E precisas de companhia.
E eu, do pão nosso de cada dia.
Não, Maria. Não posso.
Não alcançaria nenhum prazer
Entre choros de criança.
Aqui a tua criança
Chora de fome.
Lá chora a liberdade
A criança da Magnólia
Não, Maria, não posso!
Vou continuar na solidão.
Desesperadamente só
Desesperadamente, sozinho.
Também tenho fome, Maria.
Fome de justiça,
Justiça social.
Tchau, Maria
Maria…Tchau.
Dentro dessa perspectiva, vemos que a nova ou velha conhecida ordem mundial, precisa ser repensada e debatida dentro de uma amplitude visionária como a que encontramos em Ataliba Campos, um conhecido cidadão do mundo que vive a realidade de um mundo globalizado e sem expectativas de resoluções que venham contemplar todas as camadas sociais em suas mínimas projeções.
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